quarta-feira, 17 de julho de 2019

Plenitude


Plenitude  
(A. M. de Godoy T.)

Quero ser simples o quanto baste
E seguir em frente sem bagagem.
E tornar tão leve a viagem
Como a sombra que me segue
Como a pluma que a brisa ergue.

Porque nada nos pertence.
Tudo é efêmero!
Não é do solo
A raiz que nele se agarra,
Não resiste ao sol
O branco da geada,
E quão breve é a esperança
do canto da cigarra...

Sem arreios, sem amarras
Entre poentes e auroras
Vou pisar o meu caminho
Permitindo- me encantada
A colher versos pela estrada.



quinta-feira, 13 de junho de 2019

Meus heróis


Meus heróis
(A. M. de Godoy T.)

Há desejos que só encontram explicações nas lembranças da infância. É o caso da minha parreira de uva. Foi preciso mudar o acesso da entrada da casa para que ela pudesse ser instalada. Eu não queria uma parreira em qualquer lugar, tinha que ser numa das entradas da casa, como aquela parreira da minha infância, na casa que sempre me recordo, morada daqueles que me foram tão caros.
A parreira é só um detalhe, um estopim para tantas reminiscências dos meus sete, oito anos de idade passados junto daqueles dois que os via como grandes demais para o meu pouco mais de um metro de altura, velhos demais para a minha primeira década de existência e cheios de sabedorias que me ajudava a desvendar os mistérios da vida.
Eles, meus avós, moravam numa casa grande com quartos que davam acessos a salas, cozinha que se abria para quarto, varandas, quintal com saídas para a rua e outros cômodos apartados da casa o que revestia aquele lar de um encanto que beirava a magia. Adorava aquela casa. Adorava aqueles dois. 
Vivia a maior parte do dia por lá, vagando pelos quartos, admirando fotos de parentes que não conhecia, sentindo o aroma perfumado da cozinha, subindo em árvores, vasculhando o quintal a procura de sei lá o quê. Muitas vezes chegava para jantar e ia ficando e ia dormindo, não sem antes ouvir as histórias de meu avô, aninhada naquele corpo forte, de homem grande, que para mim era tão macio como um grande travesseiro. Eram histórias que ele inventava, de personagens locais, modificadas de propósito sempre que as contava, onde eu prontamente intervinha, corrigindo-o, o que muito divertia minha avó que nos fazia companhia sentada sempre na mesma cadeira e no mesmo lugar da varanda que dava para a rua da cidade. Do colo do meu avô olhava para ela, seus cabelos acinzentados, as pernas cruzadas, as mãos entrelaçadas e apoiadas sobre o joelho direito, balançando a perna no ritmo da narrativa da história. Ao seu lado, apoiada na parede, sua muleta de madeira em tom claro. Eu ouvia meu avô enquanto meus olhos passeavam por aquela muleta, indo de baixo — onde tinha um revestimento de borracha, para cima — onde tinha uma almofada de veludo vermelho desbotado pelo suor de muitos anos de uso. Assim adormecia, embalada por aquela voz e atordoada por aquela cena.
Fui cercada de mimos por aqueles dois. Quando minha avó fazia bolachas, biscoitos e pães,  sempre fazia alguns especiais para mim, quer no tamanho, formato ou recheio.
Fui querida demais por aqueles dois. Numa das entradas da casa que se abria para o quintal havia uma varanda com uma grande parreira construída com pilares de alvenaria e cobertura de canos, que todo ano ficava carregava de cachos. Era a minha parreira! Toda minha! Mal as uvas começavam amadurecer eu beliscava os cachos, procurando pelas maduras. Isso fazia meu avô delirar de alegria e comentar, sempre que me via por perto, com aquele seu sorriso largo de felicidade, que aqueles cachos pinicados eram coisa de um sanhaço, de um grande e enorme sanhaço que vivia por ali e que ele, um dia, faria uma armadilha para apanhá-lo e o levaria para bem longe dali. Como gostaria de dizer a ele que o sanhaço voou para muito longe e que nunca mais saboreou uvas tão deliciosas como aquelas. 
São tantas imagens vindas daqueles dois: meu avô pendurando o chapéu e passando a mão direita sobre os cabelos quando entrava em casa; minha avó de muletas, andando pela casa com dificuldades; meu avô cortando lenha com o machado, suando em bicas; minha avó tirando seu cochilo depois do almoço, de apenas cinco minutos, como ela costumava dizer; meu avô ensinando o pessoal da cidade a dançar a quadrilha da festa junina; minha avó brincando com o papagaio, carinhosamente chamado de mulata; meu avô à mesa, brincando com os talheres enquanto esperava o almoço; minha avó costurando e pedindo para eu enfiar a linha na agulha.
Eram-me especiais aqueles dois. Com meu avô conheci acampamentos ciganos, o cotidiano da vida circense. Com minha avó tomei minha primeira gota de chá. Com meu avô conheci as festas de reis, as congadas, as danças de catira. Com minha avó conheci as procissões, as quermesses, as datas religiosas e aprendi que há um nome de santo para cada dia do ano. Com meu avô conheci as delícias do cotidiano da minha cidade. Com minha avó conheci a alegria das músicas italianas, a poesia dos sons. Com meu avô aprendi a reconhecer os pássaros e que misturar manga com leite não mata. Com minha avó escutei histórias de parentes que nunca vi. Com meu avô aprendi como usar as cunhas de ferro para abrir toras de madeira. Com minha avó aprendi a pregar botão sem dar nó na linha.
Foram-me essenciais aqueles dois. Devo a eles parte da minha educação, do meu apreço pelas coisas simples  e muito da felicidade que tive na primeira década da minha vida.
Não convivi com meu avô o tanto que gostaria. Ele se foi cedo demais, quando eu mal entrava na adolescência. 
Não convivi com minha avó o quanto poderia. A vida nos conduz por alguns desvios que nunca nos devolvem para a mesma estrada.
Finalmente, depois de muito tempo, tenho minha parreira. Vou andar sob ela e quando as uvas começarem amadurecer vou esperar por aquele sanhaço. Se ele virá, não sei. O que sei é que mesmo agora, quando me aproximo da idade que eles tinham naquela época, continuo com a imagem de que eles eram grandes demais, velhos demais, sábios demais, como convêm aos verdadeiros heróis.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Tatu e lagartos


Tatu e lagartos
(A. M. de Godoy T.)

Teve um ano que apareceu um tatu que gostava de andar no gramado perto da cozinha. Tornou-se tão manso que caminhar ao seu lado não lhe causava medo. Eram momentos ternos, cheios de alegria e de orgulho por ter aquele bicho por perto. Mas confesso que nem tudo era amor. Quando ele cavoucava os canteiros de flores a procura de sei lá o quê e destruía ou arrancava as mudas recém plantadas ou aquelas que com muito esforço e dedicação cresciam lindas e saudáveis, eu tinha momentos explícitos de raiva e ressentimentos com aquele bicho. Muitas vezes cheguei a desejar que ele fosse embora, que arranjasse outro canto para morar e deixasse minhas flores em paz. Tenho um pouco de remorso quando me lembro disso porque penso que de certa forma ele me ouviu. Quando dei por sua falta, por vários dias consecutivos, procurei entre as moitas de flores, pelo gramado, pela mata e... nada. Deixei frutas espalhadas pelo gramado por onde costumava passear com a esperança de atraí-lo, mas sem sucesso. Em todas essas tentativas eu lhe pedia perdão e prometia plantar margaridas e boca-de-leão e muitas outras flores, todas num enorme canteiro, todinho dele, para arrancá-las à vontade, desde que me perdoasse e voltasse para casa. Era quase uma súplica!
Nada funcionou. Por castigo, como costumo pensar nas horas que estou triste, ou por fatalidade, quando sou mais realista sobre nosso País de gente ignorante e sem oportunidades, encontrei seu casco jogado perto da cerca do vizinho, gente que pensa que se é bicho, é pra se comer. E assim aquele pobre animal serviu muito bem àquela pobre família que nem teve preocupação em disfarçar, deixando o que não lhe serviu de pasto às vistas de quem quisesse ver.
Estou me lembrando desse fato agora porque com o início da primavera, quando os dias são mais quentes e ensolarados, aparecem vários lagartos, também chamados de teiús. Alguns são enormes, com cerca de um metro. Andam rastejando seu corpo volumoso e de aspecto duro e áspero por todos os cantos a procura dos frutos das amoreiras, pitangueiras e ameixeiras que caem de maduros no gramado. São rápidos, correm assim que sentem a presença humana, serpenteando seu corpo numa cena bastante grotesca.
Nessa época eles deixam as tocas, onde hibernam a maior parte do ano, e saem para tomar sol, se alimentar e procriar, e assim ficam até o final do verão. Estão por toda parte. Escondidos nos muros de pedras, entre arbustos, embaixo de galhos de árvores e outros lugares bizarros.
De manhã, quando o sol fica mais forte, eles saem para lagartear. Muitos escolhem ficar sobre os canteiros de flores. O resultado disso são canteiros com flores amassadas, pisoteadas e, consequentemente, feias. Quando passo por perto posso sentir as flores pedirem por socorro e por um instante chego a ter maus pensamentos sobre esses bichos, parecidos com aqueles que eu tinha pelo tatu. Mas como ainda estou traumatizada com a morte deste bicho, imediatamente desvio estes pensamentos para outros mais nobres. Chego a murmurar para as flores maltratadas que tenham paciência, que os lagartos não ficarão por muito tempo, que assim que terminar o verão eles voltarão para suas tocas, e então eu as ajudarei a se recuperarem. Farei uma minuciosa poda, retirando galhos amassados ou quebrados. Replantarei o que for preciso e as compensarei com uma dose extra de esterco de gado, bem curtido e rico em húmus. Rogo-lhe que sejam benevolentes, que façam amizades com esses visitantes e encarem o repouso deles sobre elas como uma demonstração de carinho. Como um desajeitado, porém, afetuoso abraço. Não quero que eles se sintam mal-amados ou indesejados e se bandeiam para os lados da vizinhança. Faço de tudo para que se sintam bem hospedados no jardim. Dou-lhes ovos frescos e pedaços de frutas, sempre fresquinhas e saborosas até se fartarem. Tento ser uma boa anfitriã e me acho com capacidade de ser uma mensageira da paz, tarefa que tento cumprir entre estes dois reinos da natureza. Mas, quando me lembro que o bicho homem faz parte de um desses reinos e, como se não bastasse, a ele foi dado o privilégio de estar no topo da cadeia alimentar, é então que eu me lembro do tatu, e entristeço.






domingo, 2 de setembro de 2018

Devaneios (III)


Devaneios (III)
(A.  M. de Godoy T.)

Nos últimos três meses choveu muito pouco e o nível do lago abaixou setenta centímetros. A parte  do lago que se estende como uma lâmina d’água sobre o banhado  ficou com o solo exposto. A argila do fundo ressecou e rachou em gretas profundas e largas, como um mosaico onde se ajuntam peças de vários formatos, na cor marrom, separadas pelas linhas do vazio. Da varanda da casa se podia ver este lado do lago com seu imenso tapete, bonito de se ver, triste por saber por quê. A chuva que caiu duas semanas atrás normalizou o nível do lago. O local antes exposto agora está submerso e a vida renasce neste alagado. Juncos, (juncaceae) uma espécie parecida com gramíneas são os primeiros a despontar suas hastes, seguidos das ervas de bicho ( Polygonum hydropiper) que  alastram suas ramagens.  Em pouco tempo tomarão conta de toda a área outrora ressecada. As pontas daqueles se encherão de sementes e destas brotarão pequenas flores amarelas. Ambas são espécies típicas de áreas alagadas e se atrevem, também, a proliferar na borda do gramado que margeia o lago, servindo-se da umidade que campeia estes terrenos. Ali são continuamente retiradas mas retornam triunfantes e vigorosas, desafiadoras e vencedoras. 
Não foi a primeira e nem será a ultima vez que o nível do lago abaixou dando lugar ao tapete de mosaico marrom e que depois, com as chuvas, tudo se modifica tornando o lugar  atrativo para pássaros, insetos, sapos, cobras, entre outros habitantes.
É assim a vida nesta parte do lago. A natureza segue seu curso e sem interferência humana se ajeita como deve ser. 
Com ela tento aprender. A vida me surpreende com situações que vem e vão. Algumas em sucessivas repetições. Acredito não ser boa aluna. Sempre acho que acabam como não deveria ser. 

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Jardinar é preciso

Jardinar é preciso
(A. M. de Godoy T.)

Amo jardinar e amo jardins!
Conheço pouquíssimas pessoas que gostam de jardinar e muitas que gostam de jardins, ma
s quem conhece o assunto sabe que entre aquele e este gosto vai uma grande diferença.
Fico emocionada quando encontro um jardineiro de vocação, por isso quero falar de uma cena que presenciei recentemente. Uma senhora idosa, que presumi ter passado em muito a casa dos oitenta, jardinava com uma menina de pouco mais de dez anos, que supus ser sua parenta. Elas plantavam um ipê no jardim em frente à casa. A senhora instruía, a menina obedecia. Eram gestos de amor a rodear aquela muda de dois palmos de altura. Um poema silencioso, a quatro mãos, de gestos de carinhos. Vale lembrar que ipê demora em média de quatro a cinco anos para florescer, nem é muito tempo, mas considerando a idade da senhora pensei que talvez ela nem alcançasse as primeiras floradas. Mas jardineiro não se preocupa com isso. A ele pouco importa se desfrutará do frescor da sombra ou se verá suas flores ou se comerá do fruto da árvore que plantou. Jardineiro não planta apenas para si, planta para os outros. O tempo do jardineiro é o futuro, mesmo que para ele o futuro não ultrapasse o amanhã.
Aquela senhora era uma jardineira de vocação ensinando uma jovem a como jardinar.
Foi então que imaginei um mundo diferente, onde jardinagem fosse matéria obrigatória nos curriculum escolares. Faríamos provas de construir canteiros, de semear margaridas, petúnias, de plantar jabuticabeiras, angicos, cedros, e qualquer outra planta, de livre escolha e gosto. Teríamos lição de como plantar e cultivar em qualquer lugarzinho que carecesse de verde e cor. Nossa morada seria, obrigatoriamente, rodeada de jardins. Os terrenos baldios e as áreas degradadas seriam reflorestados. Inundaríamos-nos de tantas plantas e de tantos desejos de plantar que de nossos corações brotariam avencas, samambaias, palmeiras, cerejeiras, mognos... e  flores, muitas flores.
Quem dera pudesse ser assim! Seríamos diplomados jardineiros, de coração e vocação!
E o mundo seria um só jardim. E voltaríamos ao início, no princípio, quando o Criador fez a terra produzir relva, e as ervas deram sementes, e as árvores frutificaram e deram frutos segundo as suas espécies, e viu Ele que isso era bom.


terça-feira, 14 de agosto de 2018

As estações


As estações
(A. M. de Godoy T.)

Senhor
Tudo está pronto para o espetáculo de cor.
Os dias se enchem de mais luz.
O céu de mais azul.
Os botões, prontos a abrir em flor,
Elevam-se para o céu como mãos prestes a se espalmar em seu louvor.
É o milagre do colorido, do perfume, da luz.
É a Terra em sedução.
Menina-moça no auge do esplendor.

Senhor
A terra ressequida está sedenta,
O verde pende, se debruça
E pela gota que restou do orvalho ele procura.
Mande o aguaceiro inesperado
Com relâmpagos e trovões passageiros,
Como véu transparente
A se descortinar frente ao sol inclemente.
Mande o aguaceiro cobrir a Terra.
E a torne fecunda, em espera
Pelo milagre da germinação.
E a deixe encantada, aguardando
Pelo seu rebento que despontará do chão.

Senhor
Os dias e noites passam calmos
O amarelo tinge os montes, os campos, os vales.
Há um bailado de folhas no ar
Outras repousam no chão
Outras tantas logo mais cairão.
O vento assobia uma melodia suave,
A murmurar que é chegada a hora,
O momento exato.
A Terra está pronta.
A colheita se aponta.
É a fartura.
O parto
Do sagrado.

Senhor
Dias e noites são desiguais
Tudo se recolhe, se retrai.
O verde se apaga, e esmorece
O colorido no horizonte.
Pássaros e animais se escondem.
A terra, essa senhora,
Não experimenta mais do cio
E adormece, coberta pelo frio.
E hiberna, e repousa, e esquece,
E morre, e renasce,
E um novo ciclo recomeça
Assim e sempre, como uma prece,
Amém.



sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Maria-sem-vergonha


Maria-sem-vergonha
(A. M. de Godoy T.)

Muitas flores são conhecidas popularmente por seus nomes bizarros, curiosos, engraçados e até mesmo excêntricos. Maria-sem-vergonha é uma delas e bem que faz jus a este nome, pois é mesmo desavergonhada. Cresce em qualquer lugar, tanto pode ser a pleno sol ou a meia sombra, se reproduz com facilidade, não exige cuidados especiais, invadem mata fechada se aninhando debaixo de árvores, extrapolam cercas, muros, jardins se intrometendo entre outras flores, enfim... de comportamento que bem lhe assegura o nome e até lhe impõem um outro mais vexatório: invasora. E tem mais, por apresentar crescimento muito rápido, faz jus também ao seu nome científico:  Impatiens que em latim quer dizer impaciente.
Mas tem também uma característica que lhe garante nomes mais carinhosos.  Possuem cápsulas onde se alojam as sementes que se arrebentam ao menor contato, lançando longe as sementes, e por isso são chamadas de beijo ou beijinho.
Espécie nativa do leste da África, as primeiras mudas foram trazidas por D. Pedro I quando veio com a Imperatriz Maria Leopoldina para o Brasil e plantadas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rapidamente se aclimataram e se proliferaram nos jardins do Brasil. Dai pra popularizar seu nome foi um pulo pois diziam que “As flores de Maria (Leopoldina) davam em todo lugar, eram flores sem vergonha”. Verdade ou não, a justificativa é bem apropriada.

Maria-sem-vergonha                    
(A. M. de Godoy T.)

Flor singela                                                    
Que alegra
Os atalhos                                           
E os largos
Dos caminhos                                       
Onde passo.

Flor brejeira

Flor campeira, 

Branca                                                   
E vermelha
Cor-de-rosa
E amarela.

Flor faceira
Espaçosa,
Esparrama
E rasteja,
Sob a mata,                                                Sobre as pedras.                         

Cobre campos
Ribanceiras
Não tem solo
Nem tem onde
Onde cai
Cresce aos montes

E aqui junto da fonte
Entre tantas
São tão belas.
São beijinhos de arcanjos,
Querubins e serafins
No céu do meu jardim.